🕐 August 23, 2012
Simpático, visionário e muito criativo. Essas características definem bem o perfil do arquiteto Sergio Rodrigues, contemporâneo de Oscar Niemeyer e um dos primeiros designers nacionais responsável pela ampliação do conhecimento e valorização das criações brasileiras mundo afora. Sua marca registrada: formas, cores e detalhes bem brasileiros em tudo que cria.
Considerando-se um designer intuitivo, ele despontou para a área muito cedo, ainda criança, quando circulava pela oficina de marcenaria que um de seus tios mantinha como hobby. Após formar-se em arquitetura no Rio de Janeiro, foi trabalhar em Curitiba e São Paulo, em indústrias moveleiras.
De volta a sua cidade natal, alguns anos depois, trouxe na bagagem o sonho de criar um espaço de produção e comercialização do design genuinamente brasileiro. Foi daí que surgiu a Oca, indústria de mobiliário criada na década de 50, que se tornou referência do design mundial.
Um dos grandes feitos de sua carreira tornou-se mundialmente conhecido a partir de um insight intuitivo. Unindo jacarandá torneado, retalhos de couro e almofadas confortáveis ele criou a Poltrona Mole, em 1958, uma das mais famosas poltronas do mundo do design e um caso de sucesso.
Apesar de muito orgulhoso das mais de mil e quinhentas peças criadas, entre mobiliário, luminárias e peças decorativas, Sergio Rodrigues tem um carinho especial pela poltrona que o projetou internacionalmente, em uma época em que o design nacional não tinha muito espaço no mercado mundial.
Ele recorda que a peça ficou um ano na vitrine a espera de um comprador e do tão sonhado reconhecimento. “Meus sócios queriam tirá-la do nosso mostruário, mas eu acreditava no potencial de minha criação, alguma coisa me dizia que seria questão de tempo para que se tornasse conhecida”, lembra Sergio. E foi mesmo, no ano seguinte as vendas estouraram no Brasil e na Itália. Era o início do reconhecimento do talento brasileiro.
Em 1961, venceu o Concurso Internacional do Móvel em Cantù, na Itália, com a Poltrona Mole, reconhecimento que trouxe projeção mundial para sua carreira e consolidou seu nome como designer de móveis. A Poltrona Mole hoje é item da coleção do Museu de Arte Moderna de Nova York.
Hoje, aos 84 anos de idade e 67 anos de carreira, Sergio Rodrigues administra seu escritório no Rio de Janeiro, onde atua com projetos e criações em design de mobiliário. Para acompanhar a evolução do mercado, mudou a matéria-prima de suas criações. Ao invés do jacarandá, ele usa atualmente o liptus, uma variação das 600 espécies de eucalipto, e utiliza somente madeira certificada. “Já atuei com outros materiais, como estrutura metálica, mas é o encaixe perfeito da madeira que me encanta e me realiza”, explica o mestre.