🕐 December 2, 2013
É um enorme prazer partilhar com vocês um dos lugares mais incríveis do mundo, o Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, que completou 175 anos no passado dia 14 de maio.
Pelo seu prestígio nos meios intelectuais, pela beleza arquitetônica do edifício da sua sede, pela importância do acervo bibliográfico e ainda pelas atividades que desenvolve, o Real Gabinete Português de Leitura é, a todos os títulos, uma instituição notável e que muito dignifica Portugal no Brasil.
O edifício do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro, que os portugueses radicados no Rio de Janeiro ali deixaram como padrão da sua nacionalidade e como sucessão histórica do seu valor e da sua energia, por expresso desejo dos seus impulsionadores, e dentro de um espírito romântico em que o historicismo e o patriotismo se apresentavam de mãos dadas, insere-se nos cânones neomanuelinos e filiou-se, como ficou bem patente, nos Jerônimos, esse “arco de triunfo por onde Portugal, senhor dos mares, entrou na História da Civilização!…”.
Ao longo dos séculos constata-se que a pedra sempre foi o material preferido pelos portugueses para erguer as suas obras de arte, e a magia e o significado das pedras, bem como o sentido patriótico que o edifício fluminense assumia, foram exaltados no eloqüente e longo discurso que Joaquim Nabuco, homem relacionado com as letras brasileiras, tribunício proeminente e paladino da abolição da escravatura, proferiu na sessão inaugural.
O Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro começou por ser uma instituição fundada por portugueses, poucos anos depois da independência e, ao longo dos tempos, acabou por granjear prestígio, somar triunfos e depositar no templo manuelino, padrão memorável dos descobrimentos e navegações nacionais, o atestado vivo da alma poética e do valor moral da geração que logrou deixar, em terra estranha, um monumento tão representativo do seu passado histórico e do amor à literatura pátria.
Entre as obras mais raras da biblioteca podemos citar a edição “prínceps” de ” Os Lusíadas”, de 1572, que pertenceu à “Companhia de Jesus”; as “Ordenações de Dom Manuel” por Jacob Cromberger, editadas em 1521; os “Capitolos de Cortes e Leys que sobre alguns delles fizeram”, editados em 1539; “A verdadeira informaçam das terras do Preste Joam, segundo vio e escreveo ho padre Francisco Alvarez”, de 1540.
Possui ainda manuscritos autógrafos do “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco e o “Dicionário da Língua Tupy, de Gonçalves Dias, além de centenas de cartas de escritores.
By Filipa Mendonça