🕐 June 26, 2015
Normalmente, os designers recém-instalados levam meses para traçar sua coleção piloto para uma marca, planejando tudo, desde os primeiros rabiscos até os acertos finais. Graças à saída prematura da anterior diretora criativa Frida Giannini, o então desconhecido Alessandro Michele teve cinco dias para preparar a sua estreia na Gucci com a coleção masculina Outono/Inverno 2015. Mas bastou o primeiro modelo surgir na passarela para que as elites de moda na primeira fila – e fãs que acompanhavam o desfile de casa – não conseguissem desviar o olhar.
Boêmia, andrógina e romântica: assim começa a nova, inesperada e radical era da Gucci, o tipo de reviravolta épica que só se vê algumas poucas vezes no mundo da moda. Agora, depois do lançamento de uma coleção feminina, da campanha Glen Luchford, desfile de lançamento da coleção masculina Primavera/Verão 2016 com grande sucesso, a Gucci não dá sinais de que vai abrandar.
Por isso, o Decoração Pra Casa traz para você imagens fantásticas do backstage do último desfile e aproveita para falar sobre três coisas imperdíveis sobre a nova e ousada visão de Alessandro Michele e a nova era Gucci. CONFIRA!
Backstage da Coleção Primavera/Verão 2016 da Gucci
Fotografia: Virginia Arcaro
Esqueça aquelas lembranças de uma marca impulsionada pelo sex appeal ao seu mais alto nível. Com camisas soltas de seda, rendas floral, laços e enfeites, esta nova coleção da Gucci é sobre beleza e romance. “Quando você vê algo bonito, você fica sem fôlego”, explicou Alessandro Michele nos bastidores do desfile de Primavera/Verão 2016. Se as roupas são bonitas, não importa se quem está vestindo as peças são meninos ou meninas. “Minha ideia de masculinidade é a beleza. Se você quer estar bonito, a beleza pode ser como você deseja. Isso não significa que você não é um homem ou uma mulher”, defende o estilista.
Backstage da Coleção Primavera/Verão 2016 da Gucci
Fotografia: Virginia Arcaro
Considerando que os comunicados de imprensa, muitas vezes, focam mais em detalhes sobre as paletas de cores do que os conceitos por detrás das coleções, não é comum encontrar um que faça referência a teorias tão rebuscadas como a crítica marxista e pós-estruturalista. Com esta postura, Alessandro Michele acabou por marcar a si mesmo como alguém que acredita que a moda vai além da tela e que é sobre como pensamos sobre a roupa, o lugar que ocupam dentro das vidas das pessoas e como eles moldam a posição de cada um no mundo exterior. Mas nada de pensar que ele é elitista: na sua campanha Outono/Inverno 2015, os modelos foram fotografados em paradas de ônibus e esperando nas plataformas do metrô, mostrando que a marca não se interessa apenas por status ou puro exibicionismo.
Backstage da Coleção Primavera/Verão 2016 da Gucci
Fotografia: Virginia Arcaro
“Eu adoro trabalhar com o passado para traduzir o futuro”, explicou Michele após o desfile. Embora os seus projetos estejam, certamente, enraizados na herança da Gucci, o estilista vem atualizando os conceitos da marca de uma forma que a torna quase irreconhecível, graças a seu desejo de não querer “ser um prisioneiro dentro da marca.” Sim, existem referências retrô, com jaquetas de camurça e golas altas adaptadas a silhuetas clássicas de década de 70. Contudo, como bem explica o novo diretor criativo da Gucci, não há espaço para a nostalgia e o seu foco é sobre a juventude. “Quando alguém me pergunta “o que é o futuro é?”, respondo que o futuro é agora, entre nós, entre os jovens”, diz ele.
Via Dazed